quarta-feira, 20 de maio de 2009

Lutando pela Sala de Estar - 1985 a 1994

No último post explorámos os videojogos enquanto meio para a transmissão de publicidade e arma de marketing para empresas exteriores à industria dos videojogos. Hoje vimos falar-vos da publicidade dentro da indústria, como é que passou de um público alvo muito específico para a todas as faixas etárias.
Para isto, vamos explorar o marketing audiovisual das empresas de videojogos desde há 24 anos atrás até aos dias de hoje. Devemos destacar, no entanto, que a da publicidade da indústria era na sua maioria (se não toda) para as consolas caseiras e é precisamente por isso que o é explorado são as guerras entre consolas.

Começou em 1985 com o lançamento da consola caseira NES que significa Nintendo Entertainment System. Se leram o último post, esta é a mesma empresa que revolucionou o mercado nos dias de hoje, e nesta altura fez exactamente o mesmo com o lançamento desta consola caseira.
Os videojogos tornaram-se de quadrados sem expressão a mexerem-se de um lado para o outro do ecrã, para um experiência mais dinâmica: com música, sons mais específico, mais cores e pormenores.
Vejam por vocês mesmos a evolução:

Pitfall
para a Atari 2600 (1982)



Super Mario Brothers para NES (1985)



Nos dias de hoje parece irrelevante, mas para a altura foi revolucionário.
Tão revolucionário, que a personagem de um dos seus jogos de lançamento se tornou um ícone dentro da história dos videojogos: Super Mario Brothers. Durante 20 anos, este videojogo manteve-se no topo com a maior quantidade de sempre de videojogos vendidos com um impressionante total de 40.23 Milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
Quando parecia que tudo estava a correr às mil maravilhas para a empresa japonesa, eis que a compatriota SEGA decide contra-atacar em 1986 com a SEGA Master System.
Esta consola também teve um sucesso enorme, sendo mais bem recebida no mercado Europeu, Australiano e Brasileiro ao invés que o mercado Norte Americano e Japonês era controlado pela Nintendo.

Aqui começou a primeira guerra publicitária entre as duas grandes empresas.

Alguns de nós têm ou tiveram pelo menos uma destas duas em casa:

Nintendo Entertainment System


SEGA Master System


Na altura, os videojogos eram vistos mais como brinquedos do que entretenimento audiovisual, e eram muitas vezes associados às crianças, daí a sua publicidade ser muito específica para aquele público mais jovem. Nos anúncios os intervenientes são sempre crianças ou jovens, muitas vezes em situações fora do normal, o que era bastante chamativo para aquele público alvo.
Ficamos aqui com alguns dos anúncios à consola propriamente dita:

Anúncio Nintendo EUA (1988)


Anúncio SEGA EUA (1987)



A estratégia da Nintendo no mercado Norte Americano Nintendo foi inteligente, além de aproveitarem o super sucesso da sua personagem 'mascote' Mario, lançaram uma revista oficial que trazia vários conteúdos relacionados com os jogos em si, dicas, passatempos, entre outros, o que ajudava à promoção da consola perante o seu público alvo. Por exemplo, um rapaz que tem uma NES leva a revista para a escola e mostra aos amigos o que tem em casa. O nome desta revista era Nintendo Power e compreendemos agora o porquê da tagline "Now You're Playing with Power".A SEGA tentou copiar a Nintendo mas não conseguiu cativar o mercado norte americano, focando-se nos seus mercados mais fortes.
A estrutura publicitária passava toda pelo mesmo, procurar cativar as crianças e jovens mostrando-lhes o 'fixe' que era ter uma consola daquelas. Chega a ser cómica a aposta publicitária das empresas de videojogos a dada altura:



Com esta base publicitária, as consolas estabeleceram-se em muitos lares e a indústria de entretenimento caseiro estava lançada com estas duas empresas.
Esta foi a primeira grande guerra entre consolas, com a Nintendo a sair como vencedora, não só por ter tido um avanço de um ano, mas também por ter negado às produtoras de videojogos o lançamento do jogo noutras consolas, o que limitou a SEGA.
Em 1989, a SEGA surpreendeu a Nintendo ao lançar uma consola graficamente mais avançada: a SEGA Mega Drive ou SEGA Genesis, como era conhecida no mercado Norte Americano. Esta foi a consola mais rentável desta empresa, tendo, a longo prazo, acabado por perder esta 2ª grande guerra de marketing, para a sua concorrente, lançada só em 1991, a SNES ou Super Nintendo Entertainment System.
Em baixo vemos ambas as consolas, que nos fazem ficar um pouco nostálgicos:

SEGA Mega Drive


SNES Modelo Europeu


Mais uma vez, o público era praticamente o mesmo, mas apostaram num público um pouco mais velho. A forma de publicidade da SEGA merece destaque inicial, dado que, como foi lançada 2 anos mais cedo, criou um slogan para o público Norte Americano que era o seguinte: "Genesis does what Nintendon't". O aproveitar deste atraso da Nintendo foi crucial para o sucesso na América do Norte e Japão. Outra das estratégias foi a criação de uma mascote, que até então não tinham, ao contrário da Nintendo com Mario. A mascote da SEGA ficou famosa para a história dos videojogos,o ouriço azul, Sonic. Era a introdução dos franchises.

Genesis does what Nintendon't


Publicidade Sonic e à Mega Drive



Na Europa, com o lançamento em 1990, o domínio da SEGA acentuou-se ainda mais, e tentou começar a conquistar um público mais adulto. Na Grã-Bretanha, os seguintes anúncios foram lançados com algum humor para adultos, umas engraçadas como a que vemos abaixo...


...outras mais exageradas:

Vejam mais informação e imagens aqui.

A SEGA naquela altura podia dar-se ao luxo de fazer este tipo de publicidade, tal era a sua popularidade na altura.
Por cá, em Portugal, a Mega Drive foi sempre a dominante, mesmo com a chegada da SNES. Os anúncios reflectiam a mesma estrutura da do público Norte Americano, excepto com o trocadilho da Nintendo.

Publicidade Mega Drive e Sonic em Portugal
~

Publicidade Mega Drive Portugal


A Nintendo, por outro lado, tentou recuperar do seu atraso de 2 anos. A sua publicidade distancia-se da praticada SEGA, onde aposta em reforçar a diversão dos seus jogos assim como de demonstrar que os seus jogos são divertidos e uma experiência fora do vulgar futurista. O recurso ao frachise enquanto forma de marketing também é uma constante: o jogo Super Mario World (sequela dos 3 grandes êxitos da consola anterior Super Mario Bros) como forma de venda de consolas.
Mais tarde, a SEGA em tentativa de reanimar a decadente Mega Drive, por volta de 1993, decidiu lançar apetrechos para a consola. Inicialmente, lançou o Mega CD, um adaptador para a consola que permitia o uso de CD em vez de cartuchos. Foi um desastre financeiro para a SEGA
Vejam em baixo o que quero dizer.

Publicidade Super Nintendo EUA 1993



Publicidade Super Mario World EUA 1992



Publicidade SNES - Donkey Kong Country EUA



Com este tipo de publicidade, a Nintendo
conseguiu igualar as vendas da Mega Drive por volta de 1992. Na europa, ainda teve bastante sucesso a longo prazo, mas em Portugal nunca conseguiu ultrapassar o favoritismo da SEGA. Também contribuiu o atraso da chegada da consola ao nosso país não impedindo a tentativa de publicidade em território luso. Mais uma vez note-se o uso do franchise enquanto ferramenta publicitária, neste caso o jogo Donkey Kong Country como acima nos EUA.
Vejam o spot publicitário:

Publicidade Donkey Kong Country 1994



Por volta de 1993, a SEGA notou que a sua consola não dava para mais e começou a pensar em investir numa terceira consola. Para os lados da Nintendo, o reinado SNES durou até 1997.
Em 1994, começou a terceira grande guerra da indústria com o lançamento da SEGA Saturn que apostava na leitura de CD em prol de cartuchos e, mais importante ainda, na transição para o 3D. Um ano mais tarde seria lançada a consola que se iria revelar de extrema importância para a indústria trazendo uma terceira empresa para a guerra: a PlayStation da Sony.

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